Para saber o que é a figura de linguagem Paradoxo, ver muitos exemplos, conhecer sua origem, saber onde encontrar esta figura de estilo na música e na poesia, fique por aqui.
O que é Paradoxo?
Paradoxo é também chamado Oxímoro. É definido como aproximação de palavras contrárias, que podem ser associadas em um mesmo pensamento.
Trata-se de figura de Linguagem ou figura de estilo que reúne ideias contraditórias dentro de um mesmo contexto. É interessante observar que a ideia paradoxal, muitas vezes parece ilógica, mas que pode perfeitamente estar dentro do real. Trata-se de uma contradição possível e que tem significado.
A linguagem paradoxal vai além do senso comum. É utilizada para dar mais expressão ao texto, através da incoerência. Também pode ser usada para manifestar ironia.
De onde vem a palavra Paradoxo
Paradoxo tem sua origem no vocábulo grego “paradoxos”. Este termo significa algo contrário ao senso comum. Foi incorporado à língua portuguesa através do latim “paradoxon”, que na linguagem latina significa “contrário à opinião”. Por isto é que Paradoxo ficou conhecido como afirmação que aparenta oposição ao que se pensa no senso comum. É uma proposição contraditória.
Exemplos:
Bom exemplo encontramos nos versos de Carlos Drummond de Andrade.
Veja trechos onde há Paradoxo:
“Estou cego e vejo
… os olhos e vejo.”
O eu lírico se declara um cego que vê. Vemos que trata-se de uma contradição, isto parece-nos algo impossível se for tomado no sentido literal. Vai contra o senso comum. Mas, torna-se repleto de sentido, se for observado e refletido à luz da emoção poética.
Camões, nosso grande poeta português, usou em seu soneto muitos paradoxos. Podemos destacar um exemplo, nos versos abaixo:
“Amor é fogo que arde sem ver
…É um contentamento descontente
…Dor que desatina sem doer.
“Soneto de Camões”
No soneto, Camões mostra através de paradoxos, a contradição do amor. Ele revela como este sentimento é capaz de despertar emoções que se contradizem, mas aceitáveis, por possuírem significado emocional.
Na música “Brasil” de Cazuza:
…Grande pátria desimportante.
Em nenhum instante eu vou te trair, não vou te trair…
Podemos perceber o contraditório no fato da música chamar o Brasil de “Grande pátria” e ao mesmo tempo, classificá-la como “sem importância”. Grande e desimportante são dois termos que se opõem. E no entanto, estão juntos formando um mesmo contexto significativo.
Uma interpretação provável do texto sugere que o eu lírico considera a pátria grande em território e em riquezas naturais, porém insignificante politicamente.
Paradoxo- Outros exemplos.
- Ele não encara a realidade, vive sonhando acordado.
- Riquinho, personagem das HQs é o pobre menino rico.
- O pobre demonstrou sábia ignorância.
- …a casa que ele fazia… era sua liberdade / Era sua escravidão. (Vinícius de Moraes)
- O teto que o abrigava era também desproteção.
- Dor tu és um prazer. (Castro Alves)
- …Estou cheio de me sentir vazio. (Renato Russo).
O Paradoxo no Barroco
O Barroco é um estilo artístico que surgiu na Itália, e aos poucos tomou conta de muitos países ocidentais. Suas características são percebidas pelo requinte e rebuscamento que se opunham à simplicidade harmoniosa do Renascimento.
O movimento espalhou-se de tal forma que passou a influenciar a arte, a arquitetura, a música e até mesmo a literatura. Neste contexto, as figuras de estilo ou de linguagem passaram a ser muito usadas na linguagem literária.
Os estilos que marcaram presença no período literário barroco, são a Metáfora, a Antítese, Hipérbole, Prosopopeia e o Paradoxo.
Onde encontramos o Paradoxo no Barroco
O Paradoxo vinha de encontro às diversas características da literatura Barroca, que primava pelo contraste, pelos dilemas e oposições. Por representar a união de termos opostos em um mesmo pensamento, teve grande influência em muitos escritos do período.
Por exemplo, no poema de Gregório de Matos
“Ardor em… coração nascido.
Pranto por belos olhos derramado
Incêndio em mares de água disfarçado
Rio de neve em fogo convertido.”
Paradoxo é figura de linguagem, mas também é um vocábulo usado frequentemente na escrita e na fala. É um termo encontrado em qualquer dicionário e possui significados como: contradição, incoerência, oposição, despropósito absurdo, entre outros