O Trovadorismo consiste em um movimento poético e literário que marcou um estilo de época ocorrido durante a Idade Média e o período do feudalismo. Para saber todos os detalhes desse movimento, confira nosso artigo.
Contexto histórico do Trovadorismo
Surgido no século 9, o Trovadorismo teve seu início durante a Idade Média, período histórico marcado pela forte influência religiosa exercida pela Igreja Católica, que dominava totalmente o continente Europeu. Devido a esse poder exercido, a Igreja Católica ditava os valores da sociedade e interferia de forma direta no pensamento o comportamento das pessoas.
Características do Trovadorismo
O Trovadorismo é caracterizado por uma divisão em 4 categorias:
1 – Cantigas de amor
Esse estilo de cantiga do Trovadorismo se coloca numa posição considerada inferir à da mulher amada, na qual o travador é visto como um vassalo apaixonado por uma moça que pertence à nobreza.
As principais características das cantigas de amor são:
- Amor impossível;
- Eu lírico masculino;
- Grande influência provençal;
- Presença de sofrimento amoroso do eu-lírico, no qual a mulher idealizada está, de alguma maneira, distante;
- Ambiente aristocrático das cortes.
2 – Cantigas de amigo
Nas cantigas de amigo do Trovadorismo, o chamado eu-lírico é representado por uma mulher que canta o amor por um amigo (que na realidade é um namorado). Entre os principais temas dessas cantigas, está a tristeza da mulher que vê o ser amado partir para uma guerra.
As principais características da cantiga de amigo são:
- Deus é tratado como o elemento mais importante do poema;
- Linguagem pouco subjetiva;
- Predominância da musicalidade;
- Amor espontâneo e natural;
- Amor possível.
3 – Cantigas de escárnio
No Trovadorismo, as cantigas de escárnio consistem em sátiras indiretas para determinada pessoa, sendo repleta de termos de duplo sentido. O objeto (ou pessoa à qual se destinava a sátira) não era revelado, adotando apenas um jogo de indiretas e palavras. Um dos recursos empregados nas cantigas de escárnio é a ironia.
4 – Cantigas de maldizer
Trata-se de um tipo de cantiga direta, na qual o trovador citava nomes e também “palavrões” que eram utilizados na época.
Trovadorismo em Portugal
Um dos países nos quais o Trovadorismo ganhou mais força foi Portugal. Inúmeras cantigas desse movimento literário eram cantadas na Catedral de Santiago de Compostela, atraindo multidões de muitas regiões de Portugal e Espanha. Todas as poesias trovadorescas eram elaboradas para serem cantadas com instrumentos musicais, tais como viola, flauta, alaúde etc.
O autor dessas poesias era o “trovador”. Já o cantor dessas composições era o “jogral. ” O auge do Trovadorismo em Portugal ocorreu nos séculos 12 e 13 e o declínio desse estilo teve seu início no século 14.
Entre os nomes de maior relevância do Trovadorismo em Portugal, estão:
- Rei D. Dinis (1261-1325): esse rei português estimulou e prestigiou a produção dos poetas em sua corte, sendo que Dinis também produzia poemas trovadores e chegou a criar 140 cantigas satíricas e líricas;
- Paio Soares de Taveirós;
- Martim Codax;
- João Soares Paiva;
- João Garcia de Guilhade;
- Fernão Lopes.
Exemplos de cantigas do Trovadorismo
Cantiga de amor
“A dona que eu amo e tenho por Senhor
amostra-me-a Deus, se vos en prazer for,
se non dade-me-a morte.
A que tenh’eu por lume d’estes olhos meus
e porque choran sempr(e) amostrade-me-a Deus,
se non dade-me-a morte.
Essa que Vós fezestes melhor parecer
de quantas sei, a Deus, fazede-me-a veer,
se non dade-me-a morte.
A Deus, que me-a fizestes mais amar,
mostrade-me-a algo possa con ela falar,
se non dade-me-a morte.”
(Bernardo de Bonaval)
Cantiga de amigo
“Ai flores, ai flores do verde pino,
se sabedes novas do meu amigo!
ai Deus, e u é?
Ai flores, ai flores do verde ramo,
se sabedes novas do meu amado!
ai Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amigo,
aquel que mentiu do que pôs comigo!
ai Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amado,
aquel que mentiu do que mi há jurado!
ai Deus, e u é?”
(D. Dinis)
Cantiga de escárnio e maldizer
Ai, dona fea, foste-vos queixar
que vos nunca louv[o] em meu cantar;
mais ora quero fazer um cantar
em que vos loarei toda via;
e vedes como vos quero loar:
dona fea, velha e sandia!…
(João Garcia de Guilhade)
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