O termo símile é um daqueles que integram o estudo da Língua Portuguesa e melhor compreensão quanto às regras que envolvem nosso idioma. Para saber com detalhes o que ele significa, confira nosso post.
Símile – o que é?
Como o próprio nome sugere, o termo símile refere-se àquilo que é semelhante, parecido. Dessa forma, essa palavra é muito empregada ao fazer a comparação de dois elementos/objetos de diferentes contextos, mas que possuem alguma característica comum, estabelecendo a semelhança.
Símile como figura de linguagem
É caracterizado por ser uma figura de linguagem de comparação explícita, apresentando-se de forma objetiva e reconhecida pela utilização de conectivos que ressaltam a comparação. O uso desses conectivos é o que difere essa figura de linguagem de outros recursos que possuem função comparativa, tais como a analogia e a metáfora.
Quais são os conectivos de comparação?
Os conectivos utilizados na relação de comparação determinada pelo símile são:
- Quanto;
- Como;
- Feito;
- Tal qual;
- Parecia;
- Que nem;
- Igual a;
- Assim como.
Exemplos quanto à aplicação desses conectivos:
- A moça era delicada tal qual uma rosa.
- Os cabelos dela eram escuros como o véu da noite.
- Ele era inteligente assim como um gênio da ciência.
- A mulher sofria igual a uma menina abandonada.
- Ele tinha os olhos tão azuis quanto o mar.
- O homem estava imóvel, parecia uma estátua.
- O coração dela batia forte que nem um tambor.
Por que utilizar a símile?
Entre os motivos que fazem com que essa figura de linguagem seja tão utilizada na elaboração de textos, destacam-se:
- Ajuda a explicar melhor os argumentos desenvolvidos, utilizando sobretudo elementos que façam parte do contexto do leitor;
- Melhora a clareza do ponto de vista adotado, favorecendo a didática e compreensão;
- Favorece o tom de seriedade dos textos, já que a comparação estabelecida pelo símile é mais objetiva, evitando possíveis equívocos quanto à interpretação;
- Aumenta o poder de convencimento do texto, tornando o leitor mais receptivo quanto ao conteúdo.
Símile na literatura e na música
Essa figura de linguagem é amplamente utilizada por escritores em geral, sejam eles poetas, cronistas, contistas e também compositores.
Alguns exemplos do emprego do símile na literatura e na música são:
“Te ver e não te querer (…)/ É como mergulhar no rio e não se molhar / É como não morrer de frio no gelo polar. (Música Ter Ver – Samuel Rosa, Chico Amaral e Lelo Zanetti);
“A Via Láctea se desenrolava como um jorro de lágrimas ardentes.” (Olavo Bilac).
“Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o címbalo que retine.” (Citação Bíblica – Apóstolo Paulo).
“Meu coração tombou na vida tal qual uma estrela ferida pela flecha de um caçador.” (Cecília Meireles).
“E flutuou no ar como se fosse um pássaro. E acabou no chão feito um pacote flácido.” (Chico Buarque de Holanda).
“Para a florista, as flores são como beijos, são como filhas, são como fadas disfarçadas.” (Roseana Murray).
“És um senhor tão bonito quanto a cara do meu filho. Tempo, tempo, tempo, tempo…”. (Maria Gadú).
Diferença de símile e metáfora
Embora se tratem de duas figuras de linguagem que têm por objetivo estabelecer uma comparação, na metáfora, tal comparação é estabelecida de forma implícita, não havendo um conectivo que especifique a comparação.
Alguns exemplos de metáforas são:
- Aquele rapaz é um anjo.
- Aquela atriz é uma grande estrela.
- Ele tem fome de leão.
Diferença entre símile e analogia
No que diz respeito à analogia, ela se apresenta como um argumento lógico e não como uma figura de linguagem propriamente, sendo caracterizada por estabelecer uma relação de semelhança entre dois ou mais fatos, conceitos, elementos e/ou objetos distintos sem que necessariamente seja utilizado um conectivo.
O uso de analogias é amplamente observado no campo do Direito, onde algo análogo refere-se ao fato de comparar os méritos de causas distintas, sendo esse conceito chamado de jurisprudência. A analogia também é empregada na área da biologia, filosofia e demais campos de conhecimento.
Quais são as figuras de linguagem?
Além do símile e da metáfora, outros tipos de figura de linguagem amplamente utilizados na Língua Portuguesa são:
Metonímia
Consiste no uso da parte pelo todo, sendo caracterizada pela substituição de uma palavra por outra próxima.
Ex.: Ele adora ler Fernando Pessoa.
Sinestesia
Trata-se do jogo de palavras que tem por objetivo misturar sensações. Ou seja, é quando em uma mesma oração o autor usa o cruzamento de distintos sentidos humanos.
Ex.: Ela me disse palavras frias e amargas.
Antítese
Uso de termos (na mesma oração) que possuem sentidos contrários.
Ex.: O homem estava entre a vida e a morte.
Catacrese
É quando é atribuído um “nome” a algo que não possui um nome específico, fazendo uma referência a outros objetos ou outras coisas.
Ex.: A asa da xícara estava quebrada.
Eufemismo
Consiste em substituir um determinado termo ou palavra por outro que seja mais “leve” ou agradável.
Ex.: O pobre homem “passou desta para melhor.”
Paradoxo
Trata-se da referência a algo contrário ao que se pensa.
Ex.: A mulher revelava uma sábia ignorância.
Ironia
Uso proposital de termos ou palavras que revelam um sentido oposto ao seu significado.
Ex.: O ambiente era tão agradável que eu só queria sumir daquele lugar.
Hipérbole
Consiste justamente no contrário do eufemismo. Ou seja, trata-se de uma figura de linguagem que confere um exagero intencional ao contexto.
Ex.: A menina estava morrendo de sono.
Apóstrofe
É quando alguma pessoa utiliza da “invocação” de alguém ou algo para conferir algum sentido ao contexto.
Ex.: Não ande tão rápido, senhora!
Cacofonia
É quando acontece a junção de um vocábulo com o começo de outro, provocando significados controversos ao ler ou pronunciar a frase de forma rápida.
Ex.: Eu vi ela na praça (vi + ela = viela).
Pleonasmo
Consiste na repetição de palavras que possuem o mesmo significado.
Ex.: “subir para cima.”
Prosopopeia ou personificação
Acontece quando são atribuídos sentidos racionais a elementos irracionais.
Ex.: A natureza chora com os constantes danos.
Todos esses exemplos revelam como o símile e demais figuras de linguagem enriquecem os textos.
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