Anáfora é a figura da repetição. Ocorre quando uma mesma palavra ou várias, são repetidas sucessivamente, no começo de orações, períodos, ou em versos. A repetição tem o objetivo de dar ênfase e tornar mais expressiva a mensagem. É considerada figura de construção e sintaxe, assim como a Elipse, o Pleonasmo e o Hipérbato.
Exemplos de Anáfora
Em “À primeira Vista” – música cantada por Daniela Mercury:
Quando não tinha nada eu quis
Quando … esperei
Quando tive frio tremi
[…]
Quando chegou carta abri
Quando…
[…]
Quando criei asas, voei
[…]
Quando vi você, me apaixonei…
(Retirado do site Letras.mus.br)
A Anáfora uma figura que tem destaque nas quadrinhas populares, versos e letras de músicas. Seu uso tão comum é por ser um recurso simples de usar e bastante atrativo. Os vocábulos repetidos dão a mensagem uma rica expressividade.
Além disso, esta replicação de palavras torna-se excelente recurso linguístico, que consegue facilitar a rima e cativar muita gente. A música dos Titãs é um exemplo disto.
As Flores – Titãs
Há flores cobrindo o telhado
[…]
Há flores …
Há flores em tudo …
[…]
As flores tem cheiro de morte…
(De https://www.letras.mus.br/titas)
Etimologia da palavra “Anáfora”
O vocábulo Anáfora tem sua origem no grego. Ela foi estruturada na junção de dois termos: o prefixo ana – que significa repetição e phéro que é um verbo grego que pode ser traduzido como suportar, manter.
Exemplos de Anáfora nos Poemas
Como recurso linguístico cheio de expressividade, e por despertar emoção é usada frequentemente em poesias.
Podemos exemplificar com estas citadas abaixo:
E agora José?
Carlos Drummond de Andrade
[…]
Se você gemesse
Se você tocasse
[…]
Se você dormisse
Se você cansasse
Se você morresse…
[…]
Você é duro, José
Observamos que está se repetindo insistentemente a conjunção “se” e o pronome de tratamento “você”.
Podemos também notar o quanto a replicação destes vocábulos nos estimula a sensibilidade. E é exatamente esta a intenção do autor ao usar esta figura de construção e sintaxe. Ele usa como alternativa literária para nos transmitir todo o drama vivido por tantos Josés deste nosso mundo, que nunca se cansam de lutar pela vida.
Ainda na mesma poesia de Drummond:
E agora José?
Carlos Drummond de Andrade
Sua doce palavra
Seu instante…
Sua gula e jejum
Sua biblioteca
Sua lavra de ouro
Seu terno…
Sua incoerência
Seu ódio, e agora?
Vemos nestas estrofes, a reincidência sucessiva dos pronomes “sua” e “seu”. O objetivo do autor é ainda sensibilizar, deixar em evidência, enfatizar a situação e a condição de José.
(Os trechos da poesia foram retirados do site:
http://pensador.uol.com.br/e_agora_jose/)
Exemplo de Anáfora nas Quadrinhas populares
Nem tudo que ronca…
Nem tudo que ´berra é bode
Nem tudo que reluz é ouro
Nem tudo que se quer…
(Retirado de: http://www.dicionarioinformal.com.br/)
Está perfeitamente claro nos versos, o recurso linguístico apresentado através do grupo de palavras: “Nem tudo que”
Anáfora nas Cantigas de Roda
As cantigas de roda são um tipo de texto em que esta figura aparece com frequência.
Vejamos alguns exemplos:
Cantiga de roda “Na Bahia tem”.
Na Bahia tem
Tem, tem, tem
Na Bahia tem morena
Coco de vintém
Podemos perceber a presença da repetição no grupo de palavras: “Na Bahia tem”
Em versinhos populares próprios das brincadeiras de roda.
Pirulito que bate, bate
Pirulito que já bateu
Quem gosta de mim é ele
Quem gosta dela sou eu
(Retirado de www.letras.mus.br/cantigas-populares/984003/)
Mais uma cantiga de nosso folclore: Fui à Espanha.
Ora, palma, palma, palma!
Ora…
Ora, roda, …
Caranguejo peixe é!
Caranguejo não é peixe,
Caranguejo …
Caranguejo …
Lá no fundo da maré.
(Retirado https://www.letras.mus.br/temas-infantis/462712/)
Identificamos a Anáfora nos termos repetidos no começo dos versos. Se revelam através da repetição dos termos “ora” e “caranguejo”.
Vale observar que esta figura de construção e sintaxe é caracterizada pela presença de repetição sempre no início dos versos.
Anáfora é uma maneira de dar ênfase ao texto. Transmitir a mensagem através deste recurso é uma alternativa muito utilizada por escritores, poetas e compositores.